quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Homens de Fé







“A vida te cerca de anjos, são anjos sem asas, aqueles que estão sempre ali, aqueles que te protegem, aqueles como você, que mesmo longe estão perto, e de um significado incrível.”


Terminei hoje, pela segunda vez de ver uma das melhores séries que a nossa TV RTP2 apresentou nos últimos tempos. Em três temporadas, estes Homens da fé mostraram-nos um pouco o que é ser isso, homens de fé, no mundo de hoje, num País de pouca religiosidade, como a França, num ambiente em que os desafios que se colocam àqueles que são Igreja, são muitos e verdadeiros. Estes, como tantos outros fora das telas, são padres e são homens, são gente com medo e com coragem, com desejos e com esperanças, com inspiração ou sem ela, com pecados, com virtudes, com ambições, com dons, com Deus e muitas vezes longe dele.
Pensamos demasiado nestes homens como seres endeusados e distantes, é bom lembrar que são homens, apenas isso, homens entregues a uma missão mais forte do que eles. Hoje no café tomado a meio da manhã de fugida, conversava com o amigo e Padre Francisco D. que a bondade dificilmente vende jornais, já a infâmia - venha de onde vier - faz tilintar moedas em qualquer canto.
Curiosamente, ontem sentada numa Igreja só porque sim, vejo entrar um miúdo que se dirige à nave, claramente à procura de um Padre para se confessar. No último momento, porém, perdeu a coragem e escondeu a cara no colo do pai, já choroso. O Padre que estava sentado um pouco mais à frente viu aquilo e interrompeu o silêncio do lugar com um "oh tu, anda cá, pá!". O miúdo levantou os olhos, percebeu que era com ele e foi. Cumprimentaram-se com um high five bem estalado - Pe. Francisco no seu melhor - e sentaram-se a conversar. Não sei se houve confissão, mas houve umas boas gargalhadas e umas quantas orações e no fim, houve um daqueles apertos de mão elaborados que começam com os punhos fechados a bater um no outro e depois as mãos abertas a virarem-se ao contrário e mais um high five no fim. O mesmo miúdo que entrou a chorar, saiu dali - literalmente - aos pulinhos, sem penitência, só com um sorriso enorme na cara, a virar-se várias vezes para o Padre com quem tinha estado a conversar, de braço no ar, com um adeus animado. Há disto - graças a Deus - há homens de fé que fazem estas coisas e que, depois se recolhem novamente, à espera do cliente seguinte, caso apareça, porque se não aparecer também está ok.
Profunda admiração e respeito.
Hoje rezei, também, por eles.


Marta Carola 




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